sábado, 8 de outubro de 2011

SOBRE JOBS, PICASSO E ALGUMAS IMPLICAÇÕES ARTÍSTICAS

Recebi algumas críticas diretas e indiretas sobre a postagem na qual noticiei a morte do empresário norte-americano Steve Jobs, falecido na quarta-feira (5).
O que eu não entendi direito foram os motivos de tais críticas.

Talvez, penso eu, o termo "visionário" que usei para adjetivar Jobs tenha soado mal para alguns que o viam apenas como um "riquinho capitalista" que nada fez - além de criar produtos para os não menos "ricos consumistas". Eu a
té  que concordo, em parte. No entanto, vejo o legado de Jobs sob o prisma artístico e não ideológico.

Você já parou pra pensar quanto custa um quadro original do famoso pintor espanhol Pablo Picasso? Ou quanto custa uma escultura do francês Auguste Rodin? 




O que se avalia numa obra de arte não é simplesmente o seu valor comercial e sim o significado que a envolve - embora, nem todos tenham esta percepção. 


Steve Jobs foi um daqueles caras que conseguiu enxergar além do tempo presente. A procurar o algo mais naquilo que era só aquilo.


Criou uma forma de transformar a máquina bruta complexa em uma amiga quase inseparável. Ele lapidou a tecnologia de tal forma, fazendo com que 
esta, se tornasse cada vez mais indutiva, simplificada e eficiente (pra mim, isso é arte). 

Jobs não inventou o telefone, tampouco o mouse e muito menos o computador. Assim como Picasso e Monet não inventaram a pintura - no entanto - foram agentes transformadores e propagadores desta nobre arte. Do mesmo modo, Steve Jobs inventou uma nova forma de telefonar e um novo jeito de usar o computador, através de aperfeiçoamentos tecnológicos que conferiram-lhe maior portabilidade. 


Seus aparelhos - além de possuírem o design mais moderno do mundo - trouxeram novidades que dificilmente sairão de moda a médio prazo. 


Eu mesmo não possuo nenhum produto da Apple, (empresa fundada por Jobs e que detém maior índice de satisfação entre os usuários de informática) assim como não possuo nenhum quadro de Van Gogh pendurado na minha sala. N
ão é preciso ter os produtos de Jobs pra saber se são bons. Se assim fosse, a obras de Picasso e Michelângelo, por exemplo, passariam despercebidas para a grande maioria das pessoas. 

Por isso, entendo a relevância da contribuição de Steve Jobs para a sociedade (pós) moderna - embora, "capitalista consumista"


Se hoje você pode carregar mil músicas no seu bolso ao invés de mil CDs, ou usa um mouse que o ajuda a navegar em seu computador, então, lamento informá-lo que a arte de Steve Jobs também o conquistou, sem que ao menos você se desse conta.

3 comentários:

Laércio Ribeiro disse...

Que baita artigo! E pensar que quem o escreveu teimava comigo dias desses, insistindo em fazer acreditar que não sabe escrever. Hein, Netinho! Parabéns pela capacidade brilhante de lançar o produto da mente no papel. São raros, você sabe, os que possuem tal dom.

Pedro Gomes disse...

Caro Laércio, agradeço suas palavras.
Você não faz ideia de quanto tempo precisei para elaborar esse texto (esse é um dos meus vários defeitos...rs)
Obrigado, amigo.

Anônimo disse...

Texto magnífico, fiquei presa nele até o final (e eu não gosto muito de ler). Por sinal todo o blog é esplendido! Parabéns.