Do blog de Laércio Ribeiro.
Durante pronunciamento feito em seu gabinete na última
sexta-feira (25/11), quando anunciou as mudanças na administração, o prefeito
de Marabá Maurino Magalhães se atrapalhou mais uma vez. Na tentativa de
justificar o balaio de gatos em que se tornou o seu governo, ele achou de
associar as dificuldades da administração municipal à crise interncional de
2009, ano em que assumiu a prefeitura. Também fez referência à Crise Europeia,
"que se alastra com suas repercussões negativas em todo o mundo", conforme
nota distribuída por sua assessoria de imprensa.
Pra fazer jus a sua fama de prefeito trapalhão, ele acabou
entrando em várias contradições. Ao mesmo tempo em que falou em crise, destacou
que Marabá integrou este ano o seleto grupo dos 300 municípios que mais
cresceram no mundo, razão de sua viagem à Alemanha no mês passado.
Por outro lado, não esclareceu a falta de coerência entre o
cenário de adversidades que diz enfrentar e o inchaço exorbitante da folha de
pagamento da prefeitura em sua administração. Nesses três anos de seu governo,
ao invés de enxugar a folha, como seria de se esperar de qualquer administrador
cercado por dificuldades, ele, ao contrário, patrocinou um inchaço de mais de
60% no quadro de pessoal, conforme publicado recentemente pelo Jornal Correio do Tocantins. Ou seja, curiosamente, o prefeito priorizou contratações, quando
as finanças do município atravessavam seu momento mais difícil.
Eis o que diz o CT em sua edição on line:
"Quando entregou a Prefeitura para Maurino, em dezembro
de 2008, Tião Miranda mantinha sob sua rédea um quadro com 7.300 servidores e
uma folha de pagamento da ordem de R$ R$ 8.115.300,00. Em fevereiro de 2009,
portanto dois meses depois de iniciar seu governo, o valor da folha sofreu uma
elevação superior a 40% e saltou para nada mais nada menos que R$ 11.443.442,46,
conforme dados da própria Secretaria de Comunicação, à época.
Agora, em meio à crise financeira que aponta para a
falência, antes de completar três anos de “O Povo Governando”, o número de
servidores da Prefeitura chega a 9.298 e a Folha de Pagamento foi fermentada e
saltou para R$ 13.573.200,79.
Fugindo dos jornalistas - No dia em que anunciou mudanças em
seu governo (exoneração de secretários, extinção de secretaria e demissão de
comissionados), acossado pelas indagações de uma batelada de repórteres durante
coletiva que ele próprio convocou, o prefeito Maurino acabou fugindo da sala
para não ter que explicar o que, certamente, teria muita dificuldade de fazer.
Depois de responder meia-duzia de perguntas, ele arranjou uma desculpa e acabou com
a entrevista.
Com isso, deixou os jornalistas sem respostas para uma série
de perguntas. Aliás, teve questionamento que ele não respondeu pura e
simplesmente por uma questão de vontade própria. Por exemplo, quando foi
perguntado sobre os critérios para a demissão dos comissionados, ele saiu-se
com um “eu não preciso dizer os critérios”.
Entre as dúvidas que ficaram no ar indaga-se por que houve
tanta demora em fazer a reforma, considerando que os problemas vêm desde 2009 e
as mudanças eram uma cobrança, inclusive da base aliada, já no primeiro ano de
governo.
Maurino negou que a troca de secretários tenha sido por uma
questão de incompetência, mas não explicou por que mexeu em pastas essenciais
para o funcionamento da máquina administrativa. Num momento de crise, ele deixa
o setor de arrecadação do município numa situação de instabilidade, já que nos
próximos dias, segundo suas próprias palavras, a Secretaria de Gestão
Fazendária ficará nas mãos de um secretário interino.
Ficou claro que a reforma visa, entre outras coisas, fechar
o rombo da inadimplência da prefeitura com fornecedores e prestadores de
serviço, mas o prefeito não explicou qual é o montante da dívida pública com
este segmento. Questionado, Maurino disse apenas que ele “não é grande” e é
“administrável” (outra contradição).
Outra pergunta que ficou no ar é sobre como a reforma vai
afetar os convênios, as parcerias e as obras em andamento. O prefeito deixou
claro que alguns projetos serão paralisados, mas não explicou quais. Em nota
divulgada por sua assessoria, Maurino informa que fará “ajustes necessários e
transparentes para a condução municipal”.
Como se vê, fala-se em transparência,
quando, ao contrário, é de nebulosidade o cenário que fica, na ausência de
respostas para tantas indagações.
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