sábado, 4 de dezembro de 2010

Explicações sobre Design Inteligente (TDI) - Dr. Marcos Eberlin

O Dr. Marcos Eberlin é presidente da Sociedade Internacional de Espectrometria de Massas e membro da Academia Brasileira de Ciências. Professor do Instituto de Química da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), é comendador da Ordem Nacional do Mérito Científico e autor de mais de 300 artigos científicos com mais de três mil citações. Realizou pós-doutorado na Purdue University, Estados Unidos, e orientou diversos mestres, doutores e pós-doutores. Nesta entrevista o Dr. Eberlin procura desfazer alguns mal-entendidos sobre a Teoria do Design Inteligente, que ele defende:


O que é exatamente a teoria do design inteligente (TDI)?

A TDI é uma teoria científica, defendida por uma comunidade crescente de cientistas gabaritados do mundo todo e de várias áreas, e que procura estabelecer metodologia científica robusta capaz de detectar sinais de inteligência na vida e no universo. Através desses métodos, a TDI reinterpreta todo o arsenal de dados riquíssimos e com detalhamento altíssimo disponíveis hoje sobre o funcionamento da vida e do universo.
E a partir dessa análise cuidadosa, sem pré-conceitos, desapaixonada e racional, feita dentro de todo o rigor da metodologia científica que rege as ciências históricas, a TDI conclui, procurando seguir os dados aonde quer que eles levem, que esses dados apontam com muita segurança para uma mente inteligente e consciente como a única causa conhecida, necessária e suficiente para a vida e o universo. Ou seja, o design detectado no universo e na vida não é aparente ou ilusório, mas real e inteligente.

Alguns dizem que a TDI é um tipo de criacionismo. O que o senhor diz?

O criacionismo tem várias vertentes, mas a principal é aquela que assume que um Ser todo-poderoso projetou e criou o universo e a vida. O criacionismo bíblico vai muito mais longe e dá nome e endereço ao Criador; descreve Sua intenção e Seus métodos, e faz muitas outras afirmações que estão muito além da capacidade da Ciência de investigá-las, devido às muitas limitações da metodologia científica. Ou seja, o criacionismo parte de pressuposições filosóficas e teológicas, fecha com essas pressuposições e confere a elas racionalidade quando encontra na natureza e, eventualmente, na Ciência suporte às suas teses.

A TDI, porém, não tem absolutamente nada a ver com teses criacionistas, de qualquer vertente. Nelas não se inspira e não se apoia. A TDI busca, pura e simplesmente, da forma mais honesta possível, escrutinar os dados científicos brutos e interpretá-los corretamente, sem absolutamente nenhum pressuposto, nenhuma predefinição de como ou qual seria a nossa conclusão. Concluímos por uma mente inteligente como causa primeira da vida e do universo pela obrigação que todos os cientistas têm de seguir sempre as evidencias, as informações fornecidas pelas caixas-pretas da vida e do universo, deixando ao máximo nossa subjetividade, naturalista ou teísta, de lado. “Escutamos” o que as moléculas que sustentam a vida têm a nos dizer, o que os “ecos moleculares” ecoam, e nada mais! Os dados, as evidências, as interpretações desapaixonadas, esses são os líderes da TDI, sua regra de prática, sem fé!

Os dados, felizmente para os criacionistas e infelizmente para os naturalistas, aqueles obtidos de forma independente e despreconceituosa, coincidem com o cerne da visão criacionista. Isso é inquestionável. Por causa dessa coincidência, casual, alguns desinformados e outros mal-intencionados, por não gostarem da consequência da conclusão da TDI, tentam “colar” na TDI o rótulo de religião, para assim poder classificá-la (e não refutá-la) como pseudociência, tentando tirar o mérito da TDI não pela força dos argumentos, mas pela semântica subjetiva e efêmera de uma pseudoclassificação. Mas contra fatos não há pseudoargumentação ou gosto que resista! E o reconhecimento da TDI como teoria científica sólida é hoje crescente e inevitável.

O biólogo Henrique Paprocki disse recentemente que “o principal problema do Design Inteligente é montar sua teoria em cima de falhas na Teoria da Evolução”. O que você acha dessa declaração?


O Henrique, eu sei, conhece pouco sobre as teses e fundamentos da TDI, e por isso fez essa afirmação equivocada. Mas estou certo de que o que ele viu e ouviu durante o 3º Simpósio Darwinismo Hoje, no Mackenzie, o fará rever sua afirmação.

A TDI se baseia em argumentos que, independentemente da existência de teorias concorrentes, apontam para uma mente inteligente como a única causa conhecida, necessária e suficiente da vida e do universo. Ou seja, é pelo nosso conhecimento, hoje muitíssimo amplo, de como a vida e o universo funcionam, que concluímos que a TDI é a melhor teoria sobre nossas origens. Porém, como há uma teoria alternativa, a teoria da evolução, temos por obrigação, e não opção, de examinar a fundo suas teses. E quando essa análise obrigatória é feita, sem o filtro naturalista, vemos claramente não somente falhas, mas sim a absoluta impossibilidade de que a vida e o universo possam ter sido fruto de processos naturais não guiados.

Não são lacunas, falhas, mas sim, na realidade, verdadeiros “abismos” nos quais não há explicação convincente. É como dizer que chegamos à Lua pedalando, que lançamos o primeiro astronauta dentro de um barril (e que ele sobreviveu para contar os problemas enfrentados).

Na evolução química, por exemplo, elo fundamental do modelo evolucionista, percebemos a absoluta impossibilidade, chance zero mesmo, do acaso, da pré-destinação, da pseudo-seleção natural pré-biótica, ou da necessidade, ou qualquer combinação desses fatores, de ter criado o L.U.C.A., a primeira forma de vida, com todos os requisitos necessários para a manutenção e reprodução desse “ser nada rudimentar”. Ou seja, na comparação de duas alternativas, vemos uma coleção enorme de dados seguros e inquestionáveis apontando para a ação de uma mente inteligente e consciente. Por outro lado, vemos uma coleção enorme e crescente de “abismos” de impossibilidades e de uma fé cega na geração espontânea e na elaboração de explicações futuras que simplesmente teimam em não aparecer, enquanto os abismos se avolumam e se expandem.

Há quem argumente que a seleção natural favorece certos organismos, pois, na presença de antibióticos, as bactérias resistentes tendem a ser favorecidas. O que dizer disso? Isso prova a evolução?


A resistência de bactérias e vírus às drogas tem sido propagada com muito alarde pelos evolucionistas como prova da evolução. “Evolution in action”, dizem, em alta voz! Mas será que o discurso tem correspondido aos fatos? Será que é mais propaganda do que produto? Gato por lebre? A vida tem, sim, a capacidade de se diversificar, ninguém nega isso, este é o ponto que nos une. Mas tudo indica que essa capacidade de diversificação já está programada em nossos genes e outros registros de informação. E quando isso acontece, informação é gasta, diminui. Ou seja, na vida também “não há lanche grátis”! Vírus ou bactérias, quando adquirem resistência às drogas, o fazem à custa de informação, à custa de perda de informação genética. Geralmente desativam proteínas ou os mecanismos pelos quais as drogas os estavam atacando. Estratégia de guerra, e guerra de trincheira! Nenhuma nova proteína, nenhuma síntese “de novo” é produzida. Nenhum novo ciclo, nenhuma nova máquina molecular. A vida é, sim, flexível, adaptável, mas como sabemos, há sempre um preço a ser pago, e a moeda da vida é a informação.

Paprocki também disse que “Design Inteligente é ter fé, é crer. Ciência é evidência”. É assim mesmo?


A TDI é racionalidade pura, e emana do conhecimento e de fatos, de argumentos lógicos, suportados pela matemática, pela física, química, bioquímica e biologia, pela cosmologia, pela Ciência como um todo. Conheço muito bem a TDI, e nunca encontrei na teoria sequer um único vestígio de fé. Nenhum postulado que assuma qualquer princípio que não sejam aqueles sustentados no que conhecemos, em causas necessárias e suficientes para a complexidade irredutível, para a informação aperiódica funcional e para a antevidência genial que observamos em milhares e milhares de exemplos fornecidos pela vida e pelo universo.

A Ciência é evidência, sim, e a TDI é Ciência em sua essência. Mas a ciência naturalista que apoia e defende a evolução cega e não guiada, produto do tempo e mutações refinadas pela seleção natural, e que defende essa tese dentro das amarras do naturalismo filosófico, e com seus pré-conceitos que dizem quais as conclusões a que devemos chegar, esta, sim, precisa ter fé, e muita. Fé no tempo, fé na geração espontânea do L.U.C.A., fé em “lanche grátis”; fé na infusão extraordinária e “repentina” de informação na Explosão Cambriana; fé em que um dia os elos perdidos serão encontrados; fé no “mundo do RNA”; fé que as suas próprias equações matemáticas que mostram a inviabilidade de seus processos estejam elas mesmas erradas; fé que um dia explicações possam surgir, mesmo quando elas simplesmente parecem não existir. Fé, e um tipo de fé muito ruim, do tipo que eu me nego a ter! Fé sem fundamentos firmes; fé sem provas nas explicações que estão por vir.

A química, sua área de estudos, revela o design inteligente?


Muitos usam comparações morfológicas, comparam bicos de passarinhos, ossos, embriões, cores de asas de mariposas. Mas é através da química, em nível molecular, que entendemos mesmo como a vida e o universo funcionam. É através da Química que aprendemos a “língua” das moléculas e podemos assim traduzir corretamente os ecos moleculares, os quais transmitem os segredos de nossa existência. É através da Química que percebemos que a vida não é coisa de amador, não! Vida é coisa de profissional! E profissional gabaritado, especializado! Que orquestrou os diversos códigos e a informação zipada, encriptada e compartimentalizada do DNA, tipo hard-disk. A arquitetura top-down algorítmica da vida, sua lógica estonteante e hiperotimizada. E elaborou o código de especialização celular das histonas, baseado em reações químicas ultrassincronizadas e ajustadas. E elaborou os planos corporais que nem sequer sabemos onde e como estão armazenados.

Li uma vez que a “evolução espera que não saibamos química”. Mas por quê? Porque as moléculas falam e não mentem! E as moléculas da vida transmitem uma informação clara que derruba qualquer discurso fundamentado em oratória ou comparações superficiais, em sínteses alfabéticas de letras mitológicas tipo C → B → A catalisadas por cat1 e cat2.

É quando perguntamos quem seriam A e B e os tais cat1 e cat2, que a explicação se desvanece. Porque em nível molecular a evolução simplesmente não fecha as contas, se mostra inviável, e é ao nível molecular que observamos, ainda mais claramente, as assinaturas da mente inteligente e consciente que, como causa primeira, orquestrou a vida e o universo.



Entrevista concedida ao jornalista Michelson Borges do site: www.criacionismo.com.br

2 comentários:

Prof. Euzébio Guimarães disse...

Em nenhum momento nesse artigo ou em qualquer outra ocasião o Prof. Eberlin citou qualquer evidências que suporte o ID, ele se resume a dizer que os outros é que estão errados.

É como se estivéssemos vivenciando esse vídeo do youtube:

http://www.youtube.com/watch?v=gg-DfCYgGkc

O modelo da teoria da evolução explica diversas observações que ocorrem na natureza. Tal teoria se coloca disponível para ser totalmente substituída por outra teoria que explica melhor tais fenômenos. Tal substituto deve ser, porém escrutinada pela comunidade científica.

Quantos artigos o prof. Eberlin tem referente ao ID? Seus equipamentos milionários certamente não são usados para isso.

O ID é pseudo-ciência sim. Marcos Eberlin atende uma agenda politica de distorção da Teoria da Evolução para que a religião não perca mais uma batalha ideológica. Moral e Religião podem ser separadas sim senhor professor.

ZEB disse...

Mais uma demostração de desonestidade intelectual sr eberlin!