quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

PASTEL DE VENTO

Durante o debate de ontem, na RBA, o deputado João Salame (da frente pró-Carajás) disse que a campanha do "Não" é como pastel de vento pois, segundo ele, não possui conteúdo algum. Esta expressão não poderia ter sido outra, já que serviu para emoldurar a falta de propostas concretas do "Não" com relação aos problemas do Pará que, infelizmente, não passa de um gigante falido e cambaleante. Na prática, somos um colosso tão belo, mas com nenhuma força. (Taí o nosso IDH que não me deixa mentir).

O debate de ontem também serviu para mostrar a distância abissal entre o que se quer e o que é possível fazer (de fato) caso o Pará não seja dividido, e, na minha opinião, é isso que precisa ser bem avaliado pelo eleitor no próximo dia 11. O Pará "possível" é exatamente este que estamos vendo aí, sem perspectivas de crescimento e com a capacidade de investimento comprometida. É preciso que algo urgente aconteça mas, até o momento, não foi apresentado aos paraenses um outro caminho melhor que o da redivisão e que seja capaz de resolver - ou atenuar a médio prazo - esta situação de estagnação que nos encontramos.  


Em dado momento do debate, o deputado Zenaldo Coutinho - na tentativa de mostrar que as propostas para o desenvolvimento do Pará existem - esboçou alguma coisa de momento, mas a sensação da falta de conteúdo ficou ainda mais evidente.

Vejam as "grandes" propostas do "Não" para alavancar o desenvolvimento de todo o Estado - caso não haja a redivisão territorial:
  • 1º - Votar contra o "Sim". (Ora, como isso vai trazer dinheiro para o Pará se permanecer tudo exatamente como está?)
  • 2º - Lutar para que a Vale passe a pagar 6 reais por cada tonelada de minério exportado. (Só faltou ele explicar o que fará caso esta proposta não seja aprovada. Tá contando com o ovo na cloaca da galinha. Ou seria "galhinha?". Sem falar que 6 reais é pouco pelo tamanho do lucro anual apresentado pela Vale, só aqui no Pará.)
  • 3º - Lutar contra a Lei Kandir. (Ora, mas não foi exatamente durante o primeiro governo do Jatene que tal lei foi aprovada? Ficaram quietinhos, fizeram besteira e agora dizem que vão reverter a situação? Difícil crer.)
  • 4º - Descentralizar as ações do governo. (Mas, de que adianta isso se não há recursos? Chega de ações simbólicas.)
  • 5º - Promover a união política e social em todo o estado. (Na prática, isso significa  o quê mesmo, hein?)

O ponto negativo do "Sim" no debate, foi quando o deputado Lyra Maia disse que o governo dos novos estados ficariam atuando em barracas (ou tendas, não lembro bem a expressão). Ora, faça-me o favor, né deputado? Esse tipo de argumento não convence ninguém e soa apenas como discurso demagógico.

Também acho que o deputado João Salame bem que poderia ter usado outro termo que não 'pizza' para exemplificar a divisão dos recursos federais entre as unidades federativas (FPE - Fundo de Participação dos Estados). Embora a intenção dele tenha sido didática, pizza é um termo-símbolo de avacalhação dentro do cenário político.  

Acredito que o maior adversário da campanha do "Sim" não é outro, senão o sentimentalismo bairrista do paraense pela terra - embora, a "terra" em questão, seja Belém e sua circunvizinhança.

Vou votar "Sim", não pela vontade dos políticos envolvidos nessa campanha, mas pela necessidade urgente de ser fazer alguma coisa por esta terra que tem tanto a oferecer, mas vive estagnada no tempo, por conta de sucessivos governos cada vez mais omissos e ausentes. 

Acho que deixar as coisas exatamente como estão é concordar com este modelo falido de gestão. Se conformar com o Pará de hoje, é ficar como o cão parado à frente da máquina de assar frango, sentindo o cheiro e tendo o gosto apenas no imaginário. 

Se existe alguma outra forma para desenvolver estas regiões acho que já está na hora de mostrarem, pois - do contrário - o pastel continuará cheio. De vento, é claro.

2 comentários:

Anônimo disse...

Pedro, estou residindo fora do Pais por favor mande um link onde eu possa assistir ao Debate!!
Se possível faça um post

Pedro Gomes disse...

Caro anônimo.
Tentei de várias formas conseguir o vídeo do referido debate assim também como o da Record, mas, infelizmente ainda não consegui. Ainda estou tentando, e caso consiga, publicarei aqui no blog.
Abraço.