Durante o debate de ontem, na RBA, o deputado João Salame (da frente pró-Carajás) disse que a campanha do "Não" é como pastel de vento pois, segundo ele, não possui conteúdo algum. Esta expressão não poderia ter sido outra, já que serviu para emoldurar a falta de propostas concretas do "Não" com relação aos problemas do Pará que, infelizmente, não passa de um gigante falido e cambaleante. Na prática, somos um colosso tão belo, mas com nenhuma força. (Taí o nosso IDH que não me deixa mentir).
O debate de ontem também serviu para mostrar a distância abissal entre o que se quer e o que é possível fazer (de fato) caso o Pará não seja dividido, e, na minha opinião, é isso que precisa ser bem avaliado pelo eleitor no próximo dia 11. O Pará "possível" é exatamente este que estamos vendo aí, sem perspectivas de crescimento e com a capacidade de investimento comprometida. É preciso que algo urgente aconteça mas, até o momento, não foi apresentado aos paraenses um outro caminho melhor que o da redivisão e que seja capaz de resolver - ou atenuar a médio prazo - esta situação de estagnação que nos encontramos.
Em dado momento do debate, o deputado Zenaldo Coutinho - na tentativa de mostrar que as propostas para o desenvolvimento do Pará existem - esboçou alguma coisa de momento, mas a sensação da falta de conteúdo ficou ainda mais evidente.
Vejam as "grandes" propostas do "Não" para alavancar o desenvolvimento de todo o Estado - caso não haja a redivisão territorial:
- 1º - Votar contra o "Sim". (Ora, como isso vai trazer dinheiro para o Pará se permanecer tudo exatamente como está?)
- 2º - Lutar para que a Vale passe a pagar 6 reais por cada tonelada de minério exportado. (Só faltou ele explicar o que fará caso esta proposta não seja aprovada. Tá contando com o ovo na cloaca da galinha. Ou seria "galhinha?". Sem falar que 6 reais é pouco pelo tamanho do lucro anual apresentado pela Vale, só aqui no Pará.)
- 3º - Lutar contra a Lei Kandir. (Ora, mas não foi exatamente durante o primeiro governo do Jatene que tal lei foi aprovada? Ficaram quietinhos, fizeram besteira e agora dizem que vão reverter a situação? Difícil crer.)
- 4º - Descentralizar as ações do governo. (Mas, de que adianta isso se não há recursos? Chega de ações simbólicas.)
- 5º - Promover a união política e social em todo o estado. (Na prática, isso significa o quê mesmo, hein?)
O ponto negativo do "Sim" no debate, foi quando o deputado Lyra Maia disse que o governo dos novos estados ficariam atuando em barracas (ou tendas, não lembro bem a expressão). Ora, faça-me o favor, né deputado? Esse tipo de argumento não convence ninguém e soa apenas como discurso demagógico.
Também acho que o deputado João Salame bem que poderia ter usado outro termo que não 'pizza' para exemplificar a divisão dos recursos federais entre as unidades federativas (FPE - Fundo de Participação dos Estados). Embora a intenção dele tenha sido didática, pizza é um termo-símbolo de avacalhação dentro do cenário político.
Acredito que o maior adversário da campanha do "Sim" não é outro, senão o sentimentalismo bairrista do paraense pela terra - embora, a "terra" em questão, seja Belém e sua circunvizinhança.
Vou votar "Sim", não pela vontade dos políticos envolvidos nessa campanha, mas pela necessidade urgente de ser fazer alguma coisa por esta terra que tem tanto a oferecer, mas vive estagnada no tempo, por conta de sucessivos governos cada vez mais omissos e ausentes.
Acho que deixar as coisas exatamente como estão é concordar com este modelo falido de gestão. Se conformar com o Pará de hoje, é ficar como o cão parado à frente da máquina de assar frango, sentindo o cheiro e tendo o gosto apenas no imaginário.
Se existe alguma outra forma para desenvolver estas regiões acho que já está na hora de mostrarem, pois - do contrário - o pastel continuará cheio. De vento, é claro.
2 comentários:
Pedro, estou residindo fora do Pais por favor mande um link onde eu possa assistir ao Debate!!
Se possível faça um post
Caro anônimo.
Tentei de várias formas conseguir o vídeo do referido debate assim também como o da Record, mas, infelizmente ainda não consegui. Ainda estou tentando, e caso consiga, publicarei aqui no blog.
Abraço.
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