sábado, 14 de abril de 2012

FRIEDRICH NIETZSCHE:
ORAÇÃO AO DEUS DESCONHECIDO




Antes de prosseguir no meu caminho
E lançar o meu olhar para frente
Uma vez mais elevo, só, minhas mãos a Ti,
Na direção de quem eu fujo.
A Ti, das profundezas do meu coração,
Tenho dedicado altares festivos,
Para que em cada momento
Tua voz me possa chamar.

Sobre esses altares está gravada em fogo

Esta palavra: “ao Deus desconhecido”
Eu sou Teu, embora até o presente
Me tenha associado aos sacrílegos.
Eu sou Teu, não obstante os laços
Me puxarem para o abismo.
Mesmo querendo fugir
Sinto-me forçado a servi-Te.

Eu quero Te conhecer, ó Desconhecido!

Tu que me penetras a alma
E qual turbilhão invades minha vida.
Tu, o Incompreensível, meu Semelhante.
Quero Te conhecer e a Ti servir.


(Friedrich Nietzsche [1844-1900] em Lyrisches und Spruchhaftes [1858-1888]. Tradução: Leonardo Boff. O texto em alemão pode ser encontrado em Die Schönsten Gedichte von Friedrich Nietzsche, Diogenes Taschenbuch, Zürich 2000, 11-1,2 ou em F. Nietzsche, Gedichte, Diogenes Verlag, Zurich 1994)
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Um comentário:

Anderson Damasceno disse...

Até o pai do ateísmo embriologicamente moderno afez-se a fé que deixará escapar - Uma pena, Frederico!