Hoje em dia, querem nos dizer até quais termos devemos falar ou não. Ora, eu falo o termo que quero. (Liberdade de expressão, lembram?)
Sou contra termos chulos e não tenho o hábito de usá-los por considerar que são inúteis e em nada acrescentam para mim, como pessoa. É uma questão de educação recebida de meus queridos pais. No entanto, todos são livres para usar a palavra mais adequada em cada situação. Não é questão de regra, mas de bom senso.
Sou radicalmente contra o "pejorativismo linguístico" que, às vezes, impingem sobre alguns termos como: negro, índio, americano, obscuro, denegrir, homossexualismo etc.
Certas pessoas precisam entender que o que machuca e ofende não são necessariamente as palavras, mas a intencionalidade e a forma como estas são externadas. Vejamos um exemplo:
-Ei, brancão, saia da frente! (Isto, me referindo a uma pessoa negra).
Aqui, fica caracterizado o sarcasmo, ou seja, chamei de branco aquele que é negro numa clara demonstração de desrespeito à cor da pessoa (com o agravante da entonação vocal alterada). Mesmo que eu substituísse o termo "brancão" por "negão" soaria da mesma forma. Daí o motivo pelo qual creio que a intencionalidade seja o fator que molde na cabeça das pessoas palavras negativas ou positivas.
Se eu estiver assistindo a uma luta na TV e um lutador negro enfrentar um lutador branco e eu disser:
-Rapaz, aquele negão ali é bom de briga!
A minha intenção foi enaltecer a qualidade e a habilidade do lutador. O termo "negão" foi usado apenas para distinguir os lutadores em questão, visto que um era branco e o outro negro (mas parece que esta explicação está demonizada pelos xerifes da língua).
Assim como a renomada cantora Alcione (que é negra) eternizou em uma de suas músicas o emprego da palavra "negão", de igual modo, não houve cunho pejorativo na frase acima, de forma alguma. Ou será que ninguém mais se lembra da frase: "Você é um negão de tirar o chapéu (...)"
Será que só é "preconceito" se esta palavra for dita por um branco? Se for assim, não seria uma discriminação racial às avessas?
Se fôssemos rezar na cartilha dos politicamente corretos teríamos que dizer, aquela frase mais acima, da seguinte maneira:
-Rapaz, aquele afrodescendente é bom de briga.
Eu, particularmente, acho isso ridículo.
Os termos em questão são estigmatizados pela cabeça de quem escuta e os decodifica baseado nos valores que cada um carrega dentro de si. Se forem valores deturpados, deturpadas serão as interpretações ou a forma de expressar as palavras.
Escrevo este texto apenas para pedir que deixem minha língua em paz. Aliás, a língua do branco, do negro, do índio. Isso mesmo, índio! Indígena seria no modo politicamente correto. Aliás, até chamaria assim, se não me visse obrigado.
Não sou o rei da cocada preta e nem tenho uma grana preta para gastar com advogados, por isso, não inventem de me processar.
(Ops... será que usar a palavra "preta", nestes casos, também seria politicamente incorreto? Já não sei mais de nada.)
3 comentários:
Pedro, Amigão:
Estou maravilhado com seu brilhante artigo. Não vejo a hora de poder cumprimentá-lo pessoalmente.
Concordo com você em gênero, número e grau. E falo isso com a propriedade de quem há mais de uma década estuda e se deleita na infinidade de situações que abarcam nossa língua.
Um abraço.
Que postagem brilhante! Sou professor de geografia aqui em Marabá, e vou analisar esta postagem com meus alunos do 9 ano do fundamental e todos os do ensino médio. Tenho plena certeza que será de grande valia para a formação dessa juventude, que é constantemente obrigada a conviver com a DITADURA DAS PLAVRAS.
Grande abraço e fique com Deus!!!
Se tem uma coisa que me tira do sério é ser criticado por usar expressões da nossa língua que vão contra os ideais dos "politicamente corretos" e inspetores moralistas pós-modernos.
Este foi o parágrafo inicial do artigo que escrevi em 2012.
Quase 3 anos depois, o colunista da Folha, João Pereira Coutinho, escreveu também sobre o politicamente correto e da ditadura das palavras.
Segue o link:
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrada/206626-o-triunfo-dos-porcos.shtml
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